sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

A CULPA É SUA PROFESSOR? O CENSO E O FRACASSO ESCOLAR

A CULPA É SUA PROFESSOR?

Podemos apontar um culpado pelo fracasso escolar?




POR MARLI DIAS RIBEIRO




A culpa é do professor. Você já ouviu essa frase. E parece ter se destacado com o resultado do Censo Escolar 2017. Ele é organizado e gerenciado pelo Ministério da Educação (MEC) e mostra um retrato das escolas brasileiras. O instrumento de pesquisa utilizado é um longo questionário de preenchimento obrigatório. E a culpa continua sendo do professor?

Durante mais de 10 anos os dados são avaliados, mas parece que com esses resultados praticamente nenhuma atitude é realmente tomada. Quando se trata de espaço escolar, sobretudo sua infraestrutura, as escolas continuam na idade da pedra. Em pleno século XXI apenas 41,6% possuem rede de esgoto. Situação agravada no Acre, Amazonas e Roraima.  Ainda temos escolas que jogam o esgoto nos rios, escolas que usam poço ou cisterna, e a incrível marca de 10% das instituições que não possuem energia nem rede de esgoto. E a culpa continua sendo do professor?

Computadores com internet nas escolas ainda continua nas nuvens. A inacreditável marca de 65,5% das escolas de Ensino Fundamental não possuem conexão com a internet, nem Banda larga, nem internet rural, e muitas nem telefone. E a culpa continua sendo do professor?


Se ter internet é algo avançado vamos falar de bibliotecas e salas de leitura. Os livros que para alguns parecem coisa do passado nas escolas brasileiras chegam de carroças. Simples salas de leitura aparecem em pouco mais de 50% das escolas. Se a leitura é base para um aprendizado efetivo, apenas o livro didático não pode suprir essa necessidade. E claro se ele chegar! Além disso, fazem parte da lista, a evasão, reprovação, e baixos índices nas avaliações nacionais como o IDEB[1].  E a culpa é de quem?


Cabe destacar que o Ensino Fundamental é de responsabilidade das redes municipais em 64% das escolas nacionais. As verbas são destinadas pelo Governo Federal por programas e outra parte advém do estado e do município. A LDB deixa claro que o Estado deve garantir padrões mínimos de qualidade, fornecendo condições para o desenvolvimento do ensino-aprendizagem. Infelizmente a prioridade nunca aponta para a educação. 
O MEC diz que os problemas acometem não somente a escola, mas a sociedade em geral. Acrescenta que as prefeituras devem se esforçar em parcerias com o Estado para melhorar a situação. E a culpa?


Nessa profissão de predominância feminina e que segundo dados de 2010 do MEC quase ¼ dos trabalhadores docentes estão na profissão há mais de 20 anos, e quase 70% têm mais de 10 anos de trabalho,  não podemos atribuir o problema à falta de experiência. Que formação esses profissionais estão recebendo para lidar com tantos  desafios?


A culpa talvez seja nossa por ainda não termos transformado nossa ação educativa em uma grande revolução a favor da escola. Possivelmente,  a culpa seja nossa por continuarmos imóveis ao recebermos os resultados desse Censo Escolar 2017.  Por fim, a culpa também será nossa,  quando conseguirmos educar gerações que tenham coragem de investir em educação.


E para terminar com poesia...vamos de...  James Pizarro em: 


A CULPA É SEMPRE DO PROFESSOR.



Quando...É jovem, não tem experiência.


É velho, está superado.

Não tem automóvel, é um coitado.

Tem automóvel, chora de "barriga cheia".

Fala em voz alta, vive gritando.

Fala em tom normal, ninguém escuta.



Não falta às aulas, é um "Caxias".

Precisa faltar, é "turista"

Conversa com outros professores, está "malhando" os alunos.

Não conversa, é um desligado.
Dá muita matéria, não tem dó dos alunos.
Dá pouca matéria, não prepara os alunos.

Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Não brinca com a turma, é um chato.
Chama à atenção, é um grosso.
Não chama à atenção, não sabe se impor.

A prova é longa, não dá tempo.
A prova é curta, tira as chances dos alunos.
Escreve muito, não explica.
Explica muito, o caderno não tem nada.

Fala corretamente, ninguém entende.
Fala a "língua" do aluno, não tem vocabulário.
Exige, é rude.
Elogia, é debochado.

O aluno é reprovado, é perseguição.
O aluno é aprovado, "deu mole".

É, o professor está sempre errado, mas,
se você conseguiu ler até aqui, agradeça a ele!


Dados: http://www.brasil.gov.br/educacao/2017/09/mec-divulga-dados-preliminares-do-censo-escolar-de-2017


[1] Criado em 2007, o Ideb é o índice que avalia a qualidade dos ensinos fundamentais e médio em escolas públicas e privadas.

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