terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

SUPER HOMEM E MULHER MARAVILHA NA ESCOLA ?

 SUPER HOMEM E MULHER MARAVILHA NA ESCOLA ?



POR MARLI DIAS RIBEIRO


          Uma metáfora abre-nos possibilidades de imaginar um tema por horizontes diferentes do habitual. Gosto de quadrinhos, por isso, os super-heróis são figuras emblemáticas e passeiam na mente de crianças e adultos, e claro, na minha através dos tempos. Parece que projetamos o impossível nos professores e professoras. Seriam eles os heróis que precisamos? O homem e mulher perfeitos e inatingíveis dos desenhos escolares?
  Cabe um alerta ao intenso processo de instrumentalização que estamos submetidos atualmente e a figura do super-homem, e mulher maravilha, me veio, ao conceber que somente um super-herói teria condições de suportar os desafios de um modelo gerencial capitalista, imposto na escola e no mundo contemporâneo que vivemos. Estamos treinando e não formando pessoas.
             Ser infalível é uma expectativa construída em torno da figura heroica do professor. Um modelo de escola caracterizado pela formatação do sujeito à produção, à tecnologia, à aprovação a qualquer custo, à inovação, eficácia e a excelência   em contraponto com a identidade, da subjetividade, e seus processos de interação coletiva, projetam uma cultura de reconhecimento e excelência para super-humanos, o que não somos. Infelizmente  não somos capazes de trocar de roupa, usar superpoderes, raios, velocidade da luz, voar, nos transformando em heróis como nas histórias em quadrinhos. O mundo real é dinâmico, inconstante, incerto e precisamos caminhar por ele como humanos que somos mesmo na ilusão de sermos heróis.
            Nessa ilusão, nessa   saga, a criptonita, pedra que ilustra o elemento que subtrai os poderes do super-homem, encontra-se presente num movimento dinâmico, global, institucionalizado nas práticas pedagógicas e em nossa formação escolar.  A cobrança nos afeta e a fraqueza não se limita a um elemento (a pedra), ela agora parece estar em muitos espaços, em tempo real, na nuvem de informações que nos acompanha em quase todos os lugares. A pedra vermelha, se é essa sua cor, já não parece sólida, muda de cor, de forma, de lugar, de brilho. Conecta-se, simula e dissimula. Atravessa nossa vida de forma letal. Aliás, mesmo os super-heróis possuem fraquezas que não reveladas. Estamos adoecendo nessa ficção da vida real, em nosso trabalho, e na cobrança exagerada por resultados nem sempre atingíveis.
 A atividade pedagógica não deveria ser caminho apenas de produção, rentabilidade, sobrevivência. O labor na escola vai além dessa simplificação. Ele pede um ser, um saber, o fazer. Por isso, para além dos heróis, que parecemos querer ser, existem pessoas que sentem, que aprendem, e que pensam. Seria magnifico se pudéssemos nos transformar em heróis para trabalharmos pelo social, pelas relações humanas, pela transformação na escola e pela escola. Por enquanto, caminhemos como heróis de nosso cotidiano, fazendo o melhor, por nossos alunos, pais e comunidade e mesmo com poderes limitados, mas muitas vezes superados,  pela incrível capacidade humana que possuímos de ter fé na educação.

Imagens: Internet


           
           


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