terça-feira, 31 de julho de 2018

EDUCAR PARA O DIÁLOGO EM TEMPOS DE CRISE



  1. A DEMOCRACIA PEDE SOCORRO, POR ISSO, É PRECISO EDUCAR PARA O DIÁLOGO EM TEMPOS DE CRISE


Por Marli Dias Ribeiro



A escola é o lugar do encontro, para o encontro, e por esse motivo o diálogo deveria ser uma ação natural e respaldada na nossa condição de ser social. O contato, a presença e a diversidade do ambiente educativo deveria possibilitar a singularidade de estar com o outro e universalizar o cuidado de falar e ouvir, e certamente dialogar.
Encontrar o outro sujeito na escola e fazer desse encontro um momento significativo, um movimento de compreender, de se comprometer com a voz do outro, sua subjetividade é urgente. Isso integra um fazer dialogado para a educação humana, que vai além do conteúdo. Uma educação com “E” maiúsculo, Educação, que integra o saber e o ser. Essa construção deve ser o fundamento da sala de aula, da gestão, das relações entre alunos e professores, do encontro com a comunidade.
Existiria ação educativa sem diálogo? Existiria democracia sem a voz do outro? A conectividade traz sentido à ação dos educadores. Transcende o movimento de passar conhecimento pois, quem encontra o aluno e interage com ele propõe sentido à sua presença na escola.
O desafio de fazer, de saber e de ser educador para o diálogo é evidente. Vivemos um presente cercado de egoísmo, de fluidez e velocidade. Ser tempo presente para o nosso aluno parece ser o grande desafio. Estamos perdendo a noção de estarmos completos em casa, na escola, na sala de aula e no diálogo. Sem essa inteireza educar para dialogar torna-se impossível.
Então é preciso ser presente, estar presente, e fazer-se presente para construir um percurso educativo fundamentado na condição humana da fala e da escuta. Sejamos alertas ao imperativo de entender o diálogo como condição essencial ao ato de educar e transformar a educação e nossas comunidades.
Estar próximo do aluno e da sua realidade movimenta a educação e faz dela uma construção de ideias, sem a participação e a fala do outro, isso parece ser impossível.

Em Paulo Freire refletimos que … deveríamos entender o “diálogo” não como uma técnica apenas que podemos usar para conseguir obter alguns resultados. Também não podemos, não devemos entender o diálogo como uma tática que usamos para fazer dos alunos nossos amigos. Isto faria do diálogo uma técnica para a manipulação, em vez de iluminação. Ao contrário, o diálogo deve ser entendido como algo que faz parte da própria natureza histórica dos seres humanos. É parte de nosso progresso histórico do caminho para nos tornarmos seres humanos. Está claro este pensamento? Isto é, o diálogo é uma espécie de postura necessária, na medida em que os seres humanos se transformam cada vez mais em seres criticamente comunicativos. O diálogo é o momento em que os humanos se encontram para refletir sobre sua realidade.

Esse é o convite principal em tempos de crises sociais, políticas e educativas. Dialogar. Que a partir de nossa ação e envolvimento possamos aceitar o desafio, e a ousadia de educar para um futuro mais ético, e que  ele passe pelo diálogo.

Trecho do livro Medo e Ousadia – O Cotidiano do Professor / Ira Shor, Paulo Freire; tradução de Adriana Lopez. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. (Coleção educação e Comunicação, v. 18)

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