A CRISE EDUCACIONAL FOI, E É PLANEJADA
Ela não é uma crise é um projeto
Por Marli Dias Ribeiro
Essa
frase de Darcy Ribeiro em 1977, numa palestra que ele chamou de “SOBRE O ÓBVIO”, continua atual mesmo tendo sido dita a mais de quatro décadas. Os
números de nossa educação revelam uma situação lamentável. Se o Estado não
investe suficientemente em Educação
podemos considerar que a crise é planejada, ela é uma consequência prevista e
pode até ser calculada. Não existem bons resultados sem projetos e
investimentos. Apesar de na última década terem ocorridos alguns avanços
principalmente, em relação ao acesso, temos grandes desafios a enfrentar. Os
dados revelam uma crise que se arrasta e parece ser previsível e intencional.
Segundo
dados do relatório Education
at a Glance 2018, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), os resultados revelam
o que muitos de nós suspeitamos:
mais da metade da nossa população adulta entre 25 e 64 anos não concluiu
a Educação Básica em 2015, o dobro da taxa média das nações que fazem parte da
OCDE. Nossos resultados estão acima de países como Argentina (39%) e Chile
(35%). Além disso, o Brasil também aparece em segundo lugar na lista dos países
com maior desigualdade de renda entre os 49 participantes do relatório o que para alguns estudiosos parece ser uma
consequência da baixa escolarização da população.
Quando
analisamos os dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2017 os indicadores revelam que 60% dos
estudantes do 9° ano do Ensino Fundamental e 70 % do 3° ano do Ensino Médio tem
aprendizado insuficiente em português, segundo os critérios estabelecidos pelo
Ministério da Educação (MEC). Isso significa que ao longo dos anos esses
estudantes não aprenderam o suficiente e necessitam de políticas públicas de
intervenção pedagógica com urgência em várias competências. A palavra que não
pode faltar é Política, e Politicas Públicas diretamente ligadas a solução do problema.
Isso significa dizer: investimento, dinheiro, recursos. O resultado de tanto
abandono e negligência são e estão expostos no alto índice de desempregados, milhares
de cidadãos excluídos, violência, e mazelas na saúde e segurança. Pergunto, se chegamos à
revolução industrial com cem anos de atraso, para chegarmos a atual sociedade do conhecimento e das novidades tecnológicas serão QUANTOS séculos de atraso?
Enquanto
não entenderem E NÃO ESCLARECERMOS que educação é prioridade e que requer investimentos, continuaremos
sem grandes avanços. Essa crise é planejada, é visível e se perpetua. Dizem que
os números não metem, e nesse caso revelam os fracassos. Esses números, por outro lado, também podem
nos indicar onde devemos investir nossas riquezas para superar os problemas da
educação.
Será
que os dados existentes , os variados estudos, e os relatos da realidade não ajudam a planejar
melhorias? A quem interessa esse fracasso? Pagamos valores exorbitantes em impostos
e esses valores não são aplicados em Educação de Qualidade e Valorização dos
Professores. Se ainda temos dúvidas de
que a crise na educação é planejada? Parece óbvia a resposta.