segunda-feira, 23 de abril de 2018

DEMOCRATIZAR É INCLUIR O OUTRO

DEMOCRATIZAR  ...


Sobre a Inclusão Educacional e a Democracia

Viver democracia é saber-se diferente e único. Respeitar passa por incluir.

Mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo vive com alguma forma de deficiência, destas quase 93 milhões são crianças. No Brasil, são 45,6 milhões de pessoas, que representam quase 24% da população brasileira com algum tipo de deficiência (UNESCO, 2018).



Por Marli Dias Ribeiro


            Parece óbvio, mas cabe destacar, a inclusão emerge da DEMOCRACIA e com ela os Direitos Humanos. Democratizar é incluir. Pensar na diferença, na igualdade, na inclusão, e na exclusão constitui-se um processo de democratização e de humanização que busca compreender, e sobretudo aplicar, conceitos como equidade e alteridade. 
        Viver democracia é saber-se diferente e único. Respeitar passa por incluir o outro independente de sua situação.

Se por um lado, as normais legais dão um suporte jurídico a essa questão, a grande contradição são as garantias desses direitos a um conjunto cada vez mais amplo de sujeitos invisíveis. E são muitos os invisíveis.... Quando iremos incluir e garantir direitos para democratizar?

            O mundo sempre foi marcado pela exclusão, pela eliminação dos diferentes, dos pobres, deficientes, dos gênios, dos ditos anormais. Foram séculos sem possibilidades de fala, de lugar, numa quase invisibilidade. As políticas de inclusão parecem dar impulso nos últimos anos ás reivindicações que procuram anunciar a voz das minorias, entretanto, o caminho ainda é árduo. 
             Apesar de existirem aparatos legais para a inclusão, dentre os quais, a Declaração dos Direitos Humanos (1948), a Declaração de Salamanca (1994) e a Constituição de 1998, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) , o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o Plano Nacional de Educação ( PNE), e o  Estatuto da Pessoa com Deficiência , lembramos Anísio Teixeira “ Os valores proclamados são diferentes dos praticados”. Muitos sujeitos são renegados, invisíveis e não assistidos. 

Como levar esses conceitos e normas legais ao cotidiano da escola e da vida? Pergunta de dimensão complexa. A proposta é um grande desafio e passa por compreender a pedagogia dos últimos tempos e aliar o processo de democratização quantitativa ao processo de qualidade. 
Nossas escolhas em inserir a questão da inclusão e exclusão, que é uma questão de muitas áreas, é uma escolha política, ideológica, econômica e pedagógica. Não existe holofotes nessa pauta, mesmo sendo ela, dita prioritária.

Desta forma, nossa tarefa educadora, talvez seja conhecer, refletir, e fazer a transformação no lugar que pisamos. Lutar e exigir do ESTADO que   oferte  uma rede de apoio à escola, oferte trabalhos de orientação, assessoria e acompanhamento do processo de inclusão, formação, capacitação dos sujeitos, ampliação e aplicação das leis. Possivelmente, essa conscientização possa buscar na intencionalidade do ato educativo, uma educação comum e especial, com condições favoráveis para o desenvolvimento de todos os estudantes. Dos alunos vistos, e dos não-vistos, dos de perto, dos de longe, de todos.

E ao serem vistos, a percepção sobre o tema, passa por entender que a mudança conceitual deve ocorrer, que é urgente rompermos com   alguns marcos definidores da educação especial, desconstruir o modelo estritamente médico-biológico, psicológico, econômico e legal para assumir uma dimensão fortemente político-pedagógica e prática. Foco na ação. Pequenas ações, grandes ações, a minha ação a sua ação, a nossa ação. Trabalho de construtor, peça a peça.
Os desafios e paradoxos estão postos, precisamos caminhar, construir, democratizar para incluir. Temos uma estrada longa, que será percorrida passo a passo, num projeto progressivo, gradativo de tempo longo, mas de sonhos concretos.

De sonhos coletivos, participativos, que avistam um futuro de uma escola DEMOCRÁTICA,  plural, inclusiva e de qualidade, para o igual e para o diferente. Para o que não se identifica, não se qualifica, para a singularidade de cada um.


segunda-feira, 16 de abril de 2018

FIQUE ATENTO, A POLÊMICA BNCC DO ENSINO MÉDIO TRAZ GRANDES MUDANÇAS!


 As mudanças vão melhorar o quê?


Por Marli Dias Rib
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          A nova Base , BNCC , proposta para o Ensino Médio vem causando polêmica e promete grandes mudanças. Para melhor ou pior? São mudanças intensas nos currículos e na distribuição das disciplinas escolares. Sendo uma política nacional, ela busca alinhar todas as estratégias de ações, em âmbito federal, estadual e municipal, referentes à formação de professores, à avaliação, à elaboração de conteúdos educacionais e aos critérios para a oferta de infraestrutura adequada para o pleno desenvolvimento da educação. Será mesmo que essa dita grande reforma irá garantir aos sistemas de ensino a revolução de qualidade necessária?

         As mudanças giram em torno da carga horária e sua ampliação. Também na BNCC, o ensino será baseado em competências, que é definida como a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e sócio emocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho. 

      Por outro lado, disciplinas como filosofia, sociologia, Artes, Educação Física deixam de ser obrigatórias. Apenas Português e Matemática são obrigatórias nos três anos de Ensino Médio. Será que apenas essas duas disciplinas são importantes?



            Outra questão é o amento da carga horária e a ampliação para o turno integral. Se hoje, os Estados ainda não garantem o mínimo, porque não ajustar e melhorar o que temos? Com escolas sucateadas, sem laboratórios, livros, água potável, cadeiras, e uma grande falta de professores, as demais disciplinas serão realmente oferecidas em cinco itinerários formativos? 

           Pela situação atual de nossas escolas fica evidente que escolas de ensino médio não possuem condições de ofertar cinco áreas de conhecimento propostas na lei pela falta de demanda ou pela falta de recursos.

       Parece que a polêmica ainda não chegou nas escolas, pouco vejo os educadores lendo, informando-se e questionando a nova base. Estão previstas audiências para debater o documento e o governo pretende encerrar o assunto ainda este ano.

           Precisamos ficar atentos, estamos cansados de receber soluções fabricadas, sem contexto e longe da realidade que vivenciamos. Vamos conhecer e debater ou a polêmica BNCC cairá em nossas escolas tais como as águas de março, inundando, arrastando e causando estragos e nada poderemos fazer. Por isso, temos que acreditar que ensinar é impregnar de sentido e participação nossa ação educativa. Estamos de olho!



Images: internet Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press); e do site mirante.com/oestadoma/noticias/2017/06/16/escola-de-musica-do-maranhao-abre-inscricoes-para-novas-v

sexta-feira, 6 de abril de 2018

SE A DEMOCRACIA EXISTISSE ...


SE A DEMOCRACIA EXISTISSE NA ESCOLA...

SE A DEMOCRACIA EXISTISSE...



Por Marli Dias Ribeiro


Se a democracia não fosse sonho... 
Tempos sombrios não escureceriam nossa visão
O povo, o pobre, as minorias estariam alfabetizadas
O grito pela liberdade não seria negado, tampouco calado, engasgado

Se a democracia triunfasse, na escola, livros, professores e opiniões seriam respeitados
A fome de saber seria alimentada, a escravidão velada não existiria
No movimento das ruas a justa medida da justiça poderia ser comemorada

A farsa das elites estaria revelada como em Raízes do Brasil, de Holanda, posta na mídia, na rua
A certeza seria que Educação que foge da luta, não colhe vitórias
Que Democracia sem escola não semeia colheita farta
Que alfabetizar para a democracia exige coragem de ser mais gente
Que Democracia tem sabor, tem cor, tem vida, tem luta

Democracia exige escolha
Tem a esperança da revolução, evolução que começa em mim, em você educador
Por isso precisamos aprender e ensinar democracia agora, hoje e sempre, em todo lugar
Sem medo de democratizar , fazer história, alfabetizar consciências para existir!


quarta-feira, 4 de abril de 2018

POESIA PARA EDUCADORAS : Do Stress à Poesia


UMA POESIA, UM  PRESENTE PARA AS EDUCADORAS




Tive a oportunidade de conhecer a escritora Lorena Nery Borges no evento Literatura por Mulheres. Admirei a coragem e o talento com que fala das realidades femininas e convidei Lorena Nery para nos presentear com um texto para educadoras,  e ela topou. Esse texto ela  fez exclusivamente para  contribuir em nosso blog. 


A escritora é assistente Social, Especialista em Gestão Social e Políticas Públicas, com participação nas Antologias Poéticas " Acolha o Pólen da Vida 1" e "Amores em Metamorfose". Colunista em “Livros Nacionais” e “ Beco do Poeta”, escreve na página "Nas EntreLinhas da Lo Amor" e colabora na “Nostalgia Poética”, fez a poesia “ Do Stress à Poesia” pensando no cotidiano vivido por muitos de nós educadores. Um presente que compartilho para dar mais brilho, leveza e esperança em nossa ação educativa, e como ela nos diz “continuar acreditando na formação de seres para chamarmos de humanos! ” 



Do Stress à Poesia

Lorena Nery Borges


Então, você está cercada com papeis, planos e metas sobre a mesa. O calendário está com um destaque vermelho, significando que para muita gente é um dia de feriado. Provas precisam ser elaboradas, tem aluno pendurado nas notas, tem aquele que está enfrentando problemas em casa. Em casa? Você pensa assoberbada de preocupações; Suas roupas acumulam no cesto; as louças na pia e amanhã é o aniversário da sua tia-avó, um acontecimento que marca os cem anos de uma mulher guerreira.

Você sente inveja dela? Talvez, um pouco porque ela aguentou ser mulher em meio ao caos e por vezes acha que não terá a mesma força. Sexo frágil, eles disseram. Você acha graça, ri sozinha com uma caneta pendurada na orelha e outra na mão porque não lembrava onde tinha posto a outra.  Mas o principal pensamento em sua mente: formar seres humanos melhores!

Você se recorda dos motivos que te levaram até ali, mesmo com uma série de sacrifícios e baixa remuneração. Vem uma recordação daquele dia em que ligou a televisão e uma ex-aluna estava apresentando o noticiário. Ou do dia em que aquele menino que era visto como danado foi o que educadamente te atendeu no hospital, ou da atendente da floricultura que ainda lhe deu um buquê de cortesia por ter sido sua aluna, ou moça sorridente que se apresenta com o grupo de teatro da cidade e traz a emoção à tona e recorda uma ligação que dizia: obrigada professora.

Todos vencedores! São tantas lembranças que você se veste de confiança e esperança que mais na frente terá muitos outros motivos para comemorar.  Independente da disciplina espera-se isso de você, que também se cobra por esse motivo. Mas eu preciso te lembrar:

Ei mulher, tu não és a responsável por todas as consequências do mundo! Tira um pouco o peso dos teus ombros. Desempenha teu trabalho com amor e compromisso, só não esquece que para cuidar de outros é necessário estar bem primeiro! Eu te admiro por isso, por tuas batalhas, por tuas vitórias e renuncias, mas vou continuar admirando-a quando a sua prioridade do dia for o teu descanso. Relaxa a mente, desliga um pouco o celular, deixa a caderneta de chamadas lá no ambiente escolar!

Só por hoje! Educa a tua rotina para um pouco de paz consigo e deixa que amanhã seja um novo dia de inúmeras batalhas [ que por vezes só se colhe a vitória depois de longos anos]. E lá vem mais um ciclo de Stress da rotina massacrante à Poesia de continuar acreditando na formação de seres para chamarmos de humanos!


Página para conhecer mais sobre a escritora: https://www.facebook.com/search/top/?q=lorena%20nery%20borges
Imagens: Arquivo pessoal 

SOBRE PESADELOS E SONHOS

  SOBRE PESADELOS E SONHOS Marli Dias Ribeiro  S onhos... Penso ser mais agradável iniciar pelos pesadelos, pois prefiro encerrar a escrita ...

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