sexta-feira, 15 de junho de 2018

SÍNDROME DO DESCASO EDUCACIONAL: Sintomas crônicos da Educação Brasileira



SÍNDROME DO DESCASO EDUCACIONAL:

Sintomas crônicos da Educação Brasileira


Por Marli Dias Ribeiro

Os dados da educação brasileira revelam como exames clínicos uma patologia crônica que afeta a educação de todo país. Resultados do censo escolar, inclusive os de 2017, e os anteriores dos últimos 10 anos, indicam uma taxa altíssima de evasão e abandono, entretanto, apesar do diagnóstico da doença crônica conhecida por SÍNDROME DO DESCASO EDUCACIONAL, praticamente nenhuma atitude é efetivamente tomada. 
Esse mal é contagioso e atinge principalmente as redes municipais de ensino da Educação Básica e até algumas capitais. A baixa qualidade, a desvalorização do professor e de sua formação,  a infraestrutura escolar precária são os sintomas mais evidentes.
Os males  dessa síndrome são variados. Aparecem no espaço escolar, sobretudo na sua infraestrutura onde as escolas continuam na idade da pedra. Em pleno século XXI apenas 41,6% possuem rede de esgoto. Situação agravada no Acre, Amazonas e Roraima.  Ainda temos escolas que jogam o esgoto nos rios, escolas que usam poço ou cisterna, e a incrível marca de 10% das instituições que não possuem energia nem rede de esgoto. Computadores com internet nas escolas ainda continuam nas nuvens. A inacreditável marca de que 65,5% das escolas de Ensino Fundamental não possui conexão com a internet, nem Banda larga, nem internet rural, e muitas nem telefone. Os sintomas são gravíssimos em muitas escolas rurais.

A formação precária e a desvalorização dos profissionais da educação intensificam o quadro da síndrome tornando os demais sintomas ainda mais graves. Muitos dos professores recebem salários insuficientes para sua subsistência e não possuem condições de atualizarem-se. A questão cultural aumenta a desvalorização se compararmos os ganhos de outros profissionais com nível superior com salários muito melhores. Falta compromisso do Estado com a carreira magistério.

A cura definitiva da SÍNDROME DO DESCASO EDUCACIONAL já foi descoberta em vários países. Como exemplo podemos citar a Finlândia. Nesse pais o salário do professor é digno e gira em torno de 3 mil euros. Todos os professores possuem mestrado, os processos de seleção são rigorosos e existe um período de pré-contratação. Todos os alunos com dificuldades têm atendimento diferenciado e são acompanhados com reforço. Estudam mais de 6 horas por dia. 
A educação pública da Finlândia recebe altos investimentos,  é estimulada e valorizada. O país é o quinto melhor em inovação tecnológica do mundo. A cura começou com a reforma educacional em 1968 e hoje ocupa o topo das avaliações internacionais, inclusive o PISA ( Programa Internacional de Avaliação de Estudantes).

A transformação para esse conjunto de sintomas podem nos ajudar a iniciar uma educação que esteja de fato inserida nas competências do século XXI. Se vacinas de consciência política, com seus devidos reforços  não FOREM distribuídas e aplicadas em todo país do futebol; se o uso contínuo de voto certo e gestão democrática não se fizerem presentes no Brasil  da copa do mundo, continuaremos doentes, muito doentes, e não será apenas dos pés, que amam a bola, mas de uma síndrome curável que se chama DESCASO EDUCACIONAL.  

sexta-feira, 1 de junho de 2018

VIOLÊNCIA NA ESCOLA: PRECISAMOS APRENDER A SUPERAR


VIOLÊNCIA NA ESCOLA: a violência está presente, escondê-la é negar a chance de construir novos horizontes.

Por Marli Dias Ribeiro


São múltiplas as situações de violência nas escolas e em variados casos estão associadas a um conjunto de fatores. A violência não deve ser subestimada, pois apesar de em muitos casos ela não ser debatida pode gerar o fracasso escolar, a indisciplina, e a negação do sujeito.Algumas escolas vinculam a situação da violência usando a culpabilização, o jogo de empurra e de inércia, as falsas soluções, a exemplo dos castigos corporais, humilhações públicas, entre outros, o que pode aumentar o problema.

É fato que as violências estão presentes na escola, na rua, na comunidade, nas redes sociais em situação que apresenta a escola ora como vítima, ora autora, por vezes  passiva nos atos de violência, por isso,  precisamos levar para a prática o que as pesquisas nos mostram não como respostas, porém, como novas perguntas e ações.

Penso que o desafio passa por  aprender, sobreviver,   viver, e arriscar-se a conviver. Quais seriam os caminhos, as possibilidades para procurar romper as relações de violência na escola sabendo que ela está inserida em um contexto social, cultural e histórico?

Não existe solução pronta, Vasconcelos (2017) em sua pesquisa, sugere possibilidades  que envolvem ações que permeiam o currículo, a gestão, as interações com os alunos e a comunidade. Dentro dessas dimensões um trabalho de escuta, reflexão e ações concretas podem apontar novos indicadores de ações.

As possibilidades passam por compreender que a escola e a sala de aula, são microssistemas e se associam ao projeto curricular, à administração escolar, e finalmente, a sociedade/valores/cultura global, como um macrossistema (PESCADOR; DOMÍNGUEZ, 2001). Não existe ação isolada para diminuir a violência pois ela engloba relações que perpassam toda a instituição.

Então, quais ações poderiam eliminar ou amenizar o problema? Das variadas estratégias adotadas é importante sempre a escuta às vítimas. Também em muitas escolas a aproximação entre pais e comunidade educativa abrem novas janelas, ainda é necessário considerar o fim da punição, o fim da culpabilização do outro, investir em Projetos escolares contextualizados, democráticos e participativos, apoiar-se na pedagogia crítico-reflexiva.

A violência está presente, escondê-la é negar a chance de construir novos horizontes. Caminhemos sempre porque para além dos limites, há o inédito viável (Paulo Freire). Que exista esperança para aprendermos a sobreviver, conviver e viver na escola, e, superar a violência. 

Para saber mais:
 VASCONCELOS, Ivar Cesar Oliveira de. Aprender a conviver sem violência: o que dá e o que não dá certo. Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro. 2017.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 11. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.


PESCADOR, J. E. P.; DOMÍNGUEZ, M. R. F. Violencia escolar, un punto de vista global. Revista Interuniversitaria de Formación del Profesorado, n. 41, p. 19-38, 2001.  Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/articulo? Código=118100. Acesso em:  20 maio 2018.

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