VIOLÊNCIA, ESCOLA E A VULNERABILIDADE SOCIAL
EXISTEM POSSIBILIDADES PARA ESCOLA ACOLHER ESTUDANTES EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL?
ESSE FATO TEM RELAÇÃO COM A VIOLÊNCIA?
POR MARLI DIAS RIBEIRO
Não
podemos esquecer que até metade do século XX nosso país amargava altos índices
de analfabetismo, seleção para acesso ao ensino e uma educação seletiva onde os
jovens das classes populares dificilmente conseguiam entrar na escola. As instituições
de ensino eram e sempre foram formatadas para atender e formar os filhos da elite.
Apesar de temos avançado muito em relação ao acesso, as marcas desse processo
de exclusão permanecem ainda hoje em nossas instituições. Ainda são mais de 2,5
milhões de excluídos, alunos fora da escola (MEC, 2017).
A
escola abriu-se, o acesso foi ampliado, mas os estudantes das classes sociais de baixa renda ainda são marcados pelo fracasso, pelas desvantagens e
por sofrimentos oriundos de suas carências sociais. O último censo escolar
ainda aponta que a evasão, a reprovação e baixa qualidade em exames nacionais e
internacionais afligem muitos dos alunos em situação de risco e pobreza.
Os
debates acerca dos estudantes que estão em situações de vulnerabilidade e risco
social muitas vezes é negligenciado pelas escolas. Autores como Caliman (2008) argumentam
que situações de riscos que envolvem fatores instrumentais como a pobreza, drogas,
violência física e psicológica, fatores de integração social como a formação do
sujeito, questões de ordem de identidade cultural como a falta do sentido da
vida, e a própria formação da identidade do indivíduo podem ser gatilhos
importantes para que o indivíduo esteja associado à transgressão.
Os estudos
têm revelado que existem dificuldades evidentes de aprendizagem em alunos que
sofrem agressões físicas, passam fome, passam por violência psicológica, são
financeiramente mais pobres, moram em locais de risco e violência, entre
outras. O grave está no fato de que são essas crianças e jovens que mais
precisam da escola, e estão diretamente afetados pelos índices de evasão,
reprovação e abandono.
Diante
desse cenário, fica evidente que enquanto espaço democrático, a escola deve se
preparar para ser instrumento de acolhida aos estudantes vulneráveis. Negar as fragilidades
desses sujeitos e suas necessidades não parece ser a melhor estratégia de ação.
Os projetos pedagógicos, as aulas e todo o ambiente deve compreender a
importância de planejar dentro das novas realidades que se apresentam e buscar
incluir sempre. Entretanto, estamos cientes que em muitos casos a estrutura
física, de pessoas e assistência do Estado, raramente estão presentes para
fortalecer o apoio e o acompanhamento que os alunos carecem, porém, a realidade
está posta e estamos inseridos nela.
Parece
ser um problema envolto numa pesada carga e sem solução. No entanto, enquanto
educadores, nossa ação pedagógica pode se orientar por planos de aula, projetos
interventivos, busca de parcerias. Nossa tarefa será sempre buscar e acreditar nas
potencialidades, nos recursos e na capacidade de resiliência do sujeito. O que oferecemos
na escola pode ajudar o jovem, a enfrentar criticamente as situações de mal-estar, e
que possa reagir positivamente ao risco. A VIOLÊNCIA PODE SER PREVENIDA COM AÇÕES DE CUNHO EDUCATIVO, SOCORRO SOCIAL E ACOMPANHAMENTO.
Por
fim, é sempre importante trabalhar numa ótica voltada à ação educativa e preventiva,
não como resposta pronta e única, mas como recurso associados a outras
possibilidades que se abrem. Ter fé e acreditar em nossa tarefa transformadora,
pois cuidar do aluno, da escola é investir no futuro.
CALIMAN, Geraldo. Paradigmas da exclusão social.
Brasília: Editora Universa, UNESCO, 2008.368 p.
DICA DE PESQUISA- MAPA DA EXCLUSÃO: http://www.foradaescolanaopode.org.br/mapa-da-exclusao-escolar-no-brasil
IMAGEM: internet
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