A tão badalada metodologia ativa, do ensino em ação, não é tema tão novo assim.
Por Marli Dias Ribeiro
O
movimento de mudanças sociais, a chamada sociedade do conhecimento que vivemos
nos dias atuais, trazem aos educadores a necessidade em compreender as exigências
que se impõem ás novas realidades do mundo.
As tendências pedagógicas que
influenciaram grande parte dos professores foram apoiadas em muitos casos, e
ainda, o são, pela conhecida Pedagogia Tradicional. Sobre a tendência
tradicional podemos resgatar do
filósofo alemão Johann Friedrich Herbart (1776-1841), as Escolas dos Frades jesuítas, a repetição oral, a aula expositiva, o
currículo rígido, o aluno é passivo, o professor autoritário, listas gigantes
de conteúdo, aulas sem contextualização, memorização e outros. Muitos de nós
somos resultado desse ensino que ainda hoje, tem espaço nas escolas.
Entretanto,
a tão badalada metodologia ativa, do
ensino em ação, não é tema tão novo assim. E a hoje em aparace difundida com o ENSINO REMOTO exigido pelo COVID-19. Segundo Abreu (2009), os primeiros
conceitos desse método aparecem na obra Emílio, de Jean Jacques Rousseau
(1712-1778). Isso mesmo, em 1700! Nessa filosofia educativa as experiências de
ação do aluno são parte central do ensino.
Outro autor que inspirou essa
tendência pedagógica ativa foi John Dewey (1859-1952), idealizador da Escola Nova. Ele defendeu
que a aprendizagem ocorre pela ação, colocando o estudante no centro dos
processos de ensino e de aprendizagem. Parece ainda distante de você? Em nosso
país a conhecida Escola Nova da década de 30 está associada aos pioneiros da
Educação no Famoso Manifesto da Escola Nova onde Anísio Teixeira foi um dos
protagonistas.
Mesmo
não sendo uma novidade, seu uso vem ganhando força em muitas escolas
internacionais e nacionais. Na Finlândia, um dos melhores ensinos do mundo,
segundo dados do PISA, o aluno aprende a gerir planos, projetos, e lidar com
erros. As avaliações são realizadas ao longo do processo e o desempenho do
estudante acompanhado durante as aulas. No Brasil as grandes redes de escolas
particulares estão apostando na onda ativa. Essas escolas apoiam-se em
conceitos assentados na Biologia e na Psicologia para explicarem seu uso.
Esses conceitos da biologia e psicologia
defendem o ensino ativo. Baseados em dados do National Training Laboratories, os adeptos explicam que nas aulas expositivas o jovem absorva apenas 5% do que é
apresentado, na leitura a retenção pode
chegar a 10% do assunto, porém nas atividades
ativas a apreensão chega a mais de 50% de aproveitamento. Quando a escola
organiza suas ações com orientação do professor com a metodologia ativa, os
resultados chegam a 75% de retenção.
Nesse tipo de metodologia os alunos são inseridos em debates, pesquisas e execução de atividades diferenciadas, leitura prévia de conteúdos para favorecer a interação; uso de tecnologia para potencializar o aprendizado; competições ou desafios para instigar o pensamento, ocorre o trabalho em equipe e a liderança; empreendedorismo, etc.
Nesse tipo de metodologia os alunos são inseridos em debates, pesquisas e execução de atividades diferenciadas, leitura prévia de conteúdos para favorecer a interação; uso de tecnologia para potencializar o aprendizado; competições ou desafios para instigar o pensamento, ocorre o trabalho em equipe e a liderança; empreendedorismo, etc.
Nesse contexto, a sala de aula invertida,
tem como conceito um espaço onde o protagonismo é do aluno, o aluno é
agente do saber, o professor acompanha, orienta e estimula. O estímulo é
direcionado á resolução de problemas. Em alguns casos o aluno é dito auto
aprendiz. O aluno é autônomo. A inversão são nos papeis propostos aos
professores que passam a ser os motivadores, incentivadores.
As críticas a essa abordagem
giram em torno da preparação do estudante para mundo tecnológico sem uma abordagem crítica. Será? Os argumentos falam de uma metodologia ativa com tendências que não sejam vinculadas ao
ensino tradicional e ainda carece de aprofundamento teórico. Estamos
preparados? Essa é a função social da escola de hoje? As aulas proposta em nossas escolas são mesmo
tradicionais? Os alunos, a comunidade conhecem e foram ouvidos sobre essa tendência?
Por fim, o processo de ensinar e aprender
compõe-se de inúmeros e complexos processos internos, que são individuais. Cada
sujeito internaliza e aprende em seu tempo, espaço e forma. Será que
temos condições de apontar a melhor metodologia? Convido você a refletir...
Assim, creio que precisamos mesmo inverter
muitas situações na escola e possivelmente, não seja somente a sala de aula, mas nossa ação, a formação, a participação, as ações com as famílias, a gestão educacional, as verbas...pois...
Ensinar exige a convicção de que a mudança é possível.
Ensinar exige compreender que a educação é uma
forma de intervenção no mundo.
Ensinar não é transferir conhecimento.
Paulo Freire
Imagem: Internet
Saiba mais : MELO, B. C.; SANT’ANA, G. A prática da Metodologia Ativa. Com. Ciências Saúde, v. 23, n. 4, p. 327-339, 2012.
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