quinta-feira, 13 de junho de 2019

VIOLÊNCIA NA ESCOLA: escondê-la é negar a chance de construir novos horizontes.



VIOLÊNCIA NA ESCOLA:  escondê-la é negar a chance de construir novos horizontes



Por Marli Dias Ribeiro



VAMOS EDUCAR PARA A PAZ,
VAMOS NOS UNIR PELA PAZ,
A EDUCAÇÃO PODE CONTRIBUIR PARA UM MUNDO MELHOR...

São múltiplas as situações de violência nas escolas e em variados casos estão associadas a um conjunto de fatores. 
A violência não deve ser subestimada, pois se  ela não for  debatida, pode gerar o fracasso escolar, a indisciplina, a  evasão e a negação do sujeito. 
     Algumas escolas vinculam a situação da violência usando a culpabilização, o jogo de empurra e de inércia, as falsas soluções. Podemos e precisamos considerar a violência na escola, pela escola e externa a instituição. Cada situação requer um planejamento criterioso e sobretudo,  coletivo.
É fato que as violências estão presentes na escola, na rua, na comunidade, nas redes sociais em situação que apresenta a escola, ora como vítima, ora autora, por vezes  passiva nos atos de violência, por isso,  precisamos levar para a prática o que as pesquisas nos mostram não como respostas, porém, como novas perguntas e ações.

Penso que o desafio passa por  aprender, sobreviver,   viver, e arriscar-se a conviver. Quais seriam os caminhos, as possibilidades para procurar romper as relações de violência na escola sabendo que ela está inserida em um contexto social, cultural e histórico?

Não existe solução pronta, Vasconcelos (2017) em sua pesquisa, sugere possibilidades  que envolvem ações que permeiam o currículo, a gestão, as interações com os alunos e a comunidade. Dentro dessas dimensões um trabalho de escuta, reflexão e ações concretas podem apontar novos indicadores.

As possibilidades passam por compreender que a escola e a sala de aula, são microssistemas e se associam ao projeto curricular, à administração escolar, e finalmente, a sociedade/valores/cultura global, como um macrossistema (PESCADOR; DOMÍNGUEZ, 2001). Não existe ação isolada para diminuir a violência pois ela engloba relações que perpassam toda a instituição, e podem estar exterior à escola.

Então, quais ações poderiam eliminar ou amenizar o problema? Das variadas estratégias adotadas é importante sempre a escuta às vítimas. Também em muitas escolas a aproximação entre pais e comunidade educativa abrem novas janelas. Ainda é necessário considerar o fim da punição, o fim da culpabilização do outro, investir em Projetos escolares contextualizados, democráticos e participativos, apoiar-se na pedagogia crítico-reflexiva.

A violência está presente, escondê-la é negar a chance de construir novos horizontes. Caminhemos sempre porque para além dos limites, há o inédito viável (Paulo Freire). Que exista esperança para aprendermos a sobreviver, conviver e viver na escola, e, superar a violência.

Para saber mais:
VASCONCELOS, Ivar Cesar Oliveira de. Aprender a conviver sem violência: o que dá e o que não dá certo. Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro. 2017.


FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 11. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

PESCADOR, J. E. P.; DOMÍNGUEZ, M. R. F. Violencia escolar, un punto de vista global. Revista Interuniversitaria de Formación del Profesorado, n. 41, p. 19-38, 2001.  Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/articulo? Código=118100. Acesso em:  20 maio 2018.

quarta-feira, 24 de abril de 2019

O MUNDO ESTÁ HOSTIL PARA NOSSAS CRIANÇAS



A Secretaria de Educação do GDF realizou a VII Plenarinha da Educação Infantil, reunindo  cerca de 4000(quatro mil) professores de educação infantil, entre os dias 9 e 17 de abril. Um encontro prestigiado pelos professores que lotaram os auditórios, em todos os dias e turnos, e por escritores locais e de outros estados brasileiros. A diretoria de Educação infantil distribuiu o Guia do Professor da Educação Infantil, que teve como tema Brincando e Encantando com Histórias.


        
Tive o prazer de conhecer a professora Maria José Rocha Lima, carinhosamente conhecida por Zezé, na Plenarinha da Educação Infantil nesse mês de abril aqui em Brasília. Após uma ótima conversa lhe apresentei o meu blog e a convidei para nos presentar com um de seus textos. Eis aqui uma reflexão rica e importante de um dos textos da professora. 


A PRIMEIRA INFÂNCIA EM PAUTA – OS BEBÊS AGRADECEM



      O mundo está hostil para as nossas crianças, tanto no coletivo – guerras, imigração massiva, pobreza etc. -, como no ambiente individual – renda baixa, negligência, abuso de álcool e outras drogas, violação sexual, abandono e maus-tratos nas famílias. Tudo isso provoca em nós sofrimento e dor, mas por outro lado cria uma crescente mobilização para a busca de todos os recursos que possam ensinar a sociedade a cuidar e amar as nossas crianças.     


    No Brasil, um dos fundadores da Rede Nacional da Primeira Infância é o especialista Vital Didonet. O diretor do Centro da Criança em Desenvolvimento da Universidade de Harvard, Jack Shonkoff (2016), afirma que é em 1000 dias (mil), período que corresponde a aproximadamente dois anos de idade, que ocorre um extraordinário processo de desenvolvimento cerebral na criança, que poderá determinar o que acontecerá pelo restante de sua vida. Para Shonkoff, circuitos são rapidamente desenvolvidos nos primeiros anos de vida. De 700 a mil novas sinapses são formadas a cada segundo no cérebro de um bebê. E ainda, para o pesquisador de Harvard, a chave das experiências que formam os circuitos cerebrais para o desenvolvimento do cérebro normal são as interações que crianças e bebês têm com os adultos na sua vida. (...)

          Além dos argumentos sociais e humanos, existem fortes argumentos econômicos para que um país invista na Primeira Infância. O economista James Heckman, vencedor do Prêmio Nobel de Economia de 2000, comprovou que os investimentos realizados durante os primeiros anos de vida de uma pessoa são aqueles que trazem maiores retornos para a sociedade.  (...) 
           
       O sonho de todos nós é que todos usem esse conhecimento para mudar o mundo para melhor, mudando os cuidados e a educação das nossas criancinhas, na mais tenra idade, na infância, onde tudo começa.

OBS:  Texto completo em: https://miguellucena.net/a-primeira-infancia-em-pauta-os-bebes-agradecem/


*Maria José Rocha Lima é mestre  e doutoranda em Educação. Deputada Estadual pela Bahia, de 1991-1999. Fundadora da Casa da Educação Anísio Teixeira.Email

domingo, 24 de março de 2019

EXTREMA VIOLÊNCIA NA ESCOLA


POSSIBILIDADES DE SUPERAÇÃO


POR MARLI DIAS RIBEIRO





A violência em instituições escolares sempre é um tema que gera debates e indignação por envolver crianças e jovens. Os profissionais da educação precisam ampliar o olhar para o tema em busca de alternativas e novas possibilidades. No artigo: extrema Violência na Escola procuro   apresentar   uma investigação ampla de situações presentes em instituições escolares. Embora a violência alcance variados contextos e espaços, o objetivo foi identificar formas de superação organizadas na escola quando a violência desencadeia em homicídio dentro da instituição.
Apresento aqui apenas o resumo de  uma pesquisa científica em que  a metodologia utilizada foi a investigação bibliográfica com leitura crítica do material coletado e análise de estudos em que o tema da morte na escola esteve presente. O lapso temporal foi o período dos anos de 2006 a 2017, com ênfase, nas ações de prevenção e de novas alternativas de enfrentamento da violência, sobretudo, para os casos envolvendo homicídios em instituições escolares. Infelizmente ainda lidamos com vários casos de tragédias em nossos contextos escolares.
O trabalho concluiu que a superação da violência está vinculada a ações de prevenção, a novas propostas de currículo, à gestão participativa e democrática pautada em relações de diálogo com a comunidade escolar. Esses aspectos mostram-se importantes enquanto mecanismos de prevenção em casos de extrema violência. Eles também auxiliam na ampliação e geração de estratégias de enfrentamento do problema e são possibilidades de superação por meio da participação coletiva e colaborativa. É  possível educar para a paz, é possível viver em paz, é possível...



O texto contendo a pesquisa completa está publicado em:
Comunicologia - Revista de Comunicação da Universidade Católica de Brasília v. 11, n. 2 (2018): V. 11, N. 2, JUL./DEZ., 2018
https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RCEUCB/issue/view/545



terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

LIVRO, O MELHOR AMIGO DO EDUCADOR... ESCREVER É POSSÍVEL



LIVRO,  O MELHOR AMIGO DO EDUCADOR... ESCREVER É POSSÍVEL

Arrisque-se a escrever, todos podem...

Um pouco sobre a história dos livros


            Quando pensamos em um livro, geralmente imaginamos um conjunto de folhas impressas em papel. Nossa ideia de livro está associada ao material concreto, à técnica de impressão, a capa, ao desenho, à costura. Quando juntamos textos escritos à mão ou lemos no computador parece-nos fugir a materialidade do livro. Mas, temos hoje, E-boockers, Blogs, Vlogs, redes sociais, páginas e tantos outros escritos, diversos e únicos. Infinitas possibilidades...

            Mas nem sempre foi assim! De onde vem o termo, a palavra "livro"? Ela vem da forma latina liber, que era o nome da camada externa da casca das árvores, onde se escrevia antigamente. Os livros nem sempre tiveram o formato atual. Foi durante a Idade Média que passaram a ter um aspecto parecido aos de hoje. Antigamente, como eram escritos à mão, existiam poucos exemplares, raros eram os leitores.

            Em 1436, na Alemanha, um joalheiro chamado Johannes Von Gutenberg inventou a imprensa. Graças a essa invenção, puderam ser feitas muitas cópias de um mesmo livro, não sendo mais necessário copiá-los à mão. A partir da invenção da imprensa, no século XV, foi possível imprimir exemplares em grande quantidade, tornando-os acessíveis a um maior número de pessoas. Porém eram poucos os letrados. Mulheres leitoras uma raridade.
            Mas quem escrevia os livros? Inicialmente, os homens escreviam para anotar a quantidade de animais que tinham, guardar a informação e controlar os animais que eram vendidos, que se perdiam ou que morriam. O que se escrevia na Antiguidade, portanto, não eram livros, mas breves anotações comerciais e   documentos. Apenas os sacerdotes podiam escrever livros porque se acreditava ser a escrita um dom sagrado concedido pelos deuses a sujeitos escolhidos. Essas pessoas eram as únicas que tinham permissão para ler os livros sagrados. Ainda hoje a ideia de dom ou capacidade nata é associada a essa visão dogmática do ato de escrever. Mas acreditem, todos podem escrever… Todos!

            Na  Idade Média, na Europa, os monges eram encarregados de copiar os livros à mão. Esses monges eram chamados copistas.  Já nos países do Oriente, como na Pérsia, por exemplo, os encarregados de copiar e ilustrar livros não eram os monges, mas sim algumas famílias. E todos os membros da família  deviam se dedicar  a esse trabalho.

            O fato é que livros sempre geraram conflitos por expandirem informações. Ao longo da história, muitos episódios de dominação destruíam bibliotecas. Dessa forma, controlavam a história dos povos e  a experiência dos seus antepassado contida nos livros. Isso aconteceu com a famosa Biblioteca de Alexandria, no Antigo Egito: quando os romanos invadiram a cidade de Alexandria para conquistá-la, queimaram a sua imensa biblioteca. Na Europa, no período da Inquisição, entre os séculos XV e XVI, a Igreja Católica também ordenou a queima de livros considerados contra a fé cristã. Quase em meados do século XX, durante a Segunda Guerra Mundial, milhares de livros foram queimados em praça pública pelo regime nazista por serem considerados contrários ao sistema político.
Por isso, escrever, ler e ter  livros foi e sempre será um ato de rebeldia, um movimento de contestação que precisamos construir e reconstruir. Por isso, escrevo nesse espaço virtual, nas redes socias, e claro escrevi um livro. Acreditem, escrever sempre será uma forma de democratizar o conhecimento.

Referencia: TEBEROSKY , Ana e COLL de Cesar. Aprendendo Português. Conteúdos essenciais para o Ensino Fundamental de 1a a 4a série. Ática, 2000.
IMAGENS: Aplicativo Bitmoji e arquivo pessoal

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

POR QUE DEVEMOS PLANEJAR A ESCOLA E A SALA DE AULA?

Por que os gestores escolares e professores 

devem planejar?


Por Marli Dias Ribeiro

A maioria das pessoas não planeja a falha, elas falham no planejamento.
( Jonh Beckley)

         Encerramos  mais um ano e devido a dinâmica que envolve a gestão escolar, fechamos um ciclo, um período letivo terminou. Iniciamos a partir de agora as avaliações de uma etapa que se findou para pensarmos um novo planejamento. Parece ser uma receita dos tempos da vovó, mas sempre cabe alertar que sem planejamento, sem resultados…
     Para dar certo, para nossas escolas crescerem, para nossos estudantes aprenderem, devemos planejar. Se tardarmos em planejar, ou não planejarmos, é certo que falharemos. Em educação, seja na gestão da escola ou na gestão da sala de aula a prioridade é partir para o planejamento!
Gestores e educadores que se apropriam dessa ferramenta indicam que o planejamento abre possibilidade pois:

1.   Reduz as ações e reações baseadas na emoção, no achismo, na adivinhação e na intuição por oferecer bases teóricas sólidas e dados pautados em  resultados contextualizados.

2.   Pode-se  fazer mais do que efetuar alterações marginais e simplistas de projetos que não deram certo e necessitam de ajustes por aprofundar as análises.
  
3.   Evita um estado de “apagar fogo” corriqueiro nas escolas, a eterna emergência e o corre-corre,  auxiliando e antecipando diretrizes para ações ponderadas e controladas de problemas frequentes.

4.   Minimiza muitas falhas e pequenos problemas corriqueiros da rotina escolar evitando desgastes desnecessários.


5.    Assegura que cada ação na escola possa ser coordenada e compartilhada, o que ajuda a decidir se cada função está adequadamente identificada,  e se o indivíduo responsável tem realizado suas atribuições.

6.   Organiza as decisões que têm melhores chances de produzirem as consequências desejadas tanto no presente,  como para o futuro.
  
7.   Tende a diminuir as burocracias pois  ajuda a dividir melhor as tarefas do dia a dia,  e  a ajustar e reduzir o caminho dos processos.

8.   Promove atitudes de coletividade, cooperação e democracia,  delegando tarefas e atribuições a todos.
  
9. Incentiva a criatividade, a autonomia, motivando a equipe, e sensibilizando para o enfrentamento dos problemas.

10.  Dá visibilidade ao  resultado dos esforços anteriores e indica caminhos para novas ações o que pode  ajudar a romper com a resistência ao planejamento.

11.Estabelece um clima escolar de transparência, amizade e companheirismo,  evitando competitividades e estresses.

12.Promove resultados que podem ser compartilhados por toda comunidade e principalmente,  pelos estudantes.

13.  Indica que acertos e erros podem acontecer. Por isso, não tenham medo de errar,  pois como dizia Albert Einstein; ‘ a pessoa que nunca cometeu um erro,  nunca tentou algo novo’.

         Por fim, elabore o planejamento com as bases teóricas que fundamentam as aprendizagens, utilize os mais variados instrumentos, as diversas  metodologias disponíveis, invente e reinvente, mas tempere tudo isso com o melhor que você pode oferecer a sua comunidade que é o diálogo, a democracia,  o comprometimento e o amor.

domingo, 25 de novembro de 2018

ENSINO MÉDIO COM 20% DE DISCIPLINAS Á DISTÂNCIA SERÁ O REMÉDIO? QUE NOVO ENSINO MÉDIO É ESSE ?




 ENSINO MÉDIO COM 20% DE DISCIPLINAS Á DISTÂNCIA SERÁ O REMÉDIO PARA A CRISE? QUE TIPO DE  NOVO ENSINO MÉDIO PRECISAMOS?




Manchete mostra um grande desafio para a educação: Conselho Nacional de Educação aprova 20% de Ensino Médio online-Ead. O argumento é de que modalidade vai ajudar na oferta de disciplinas optativas.

Nos jornais aparecem manchetes destacando o grave problema do Ensino Médio brasileiro. Autoridades chegam a dizer que ele é um desastre. Estudos internacionais como o PISA e dados da   Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que compara dados educacionais de 45 países, mostra, mais uma vez, que apesar dos avanços obtidos na última década, os resultados brasileiros continuam insatisfatórios.
 Lamentável revelar que metade dos brasileiros adultos não conclui o Ensino Médio e que a formação e salários dos professores continuam baixos.
Existe uma relação direta com a valorização docente e os resultados da aprendizagem dos estudantes. Os professores brasileiros continuam com pouca formação, salários insuficientes, o que torna a atividade pouco atrativa.  SEGUNDO O SAEB- 2017, 70% DOS ESTUDANTES DE 14 A 17 ANOS, ESTÃO   ABAIXO DA META DE APRENDIZAGEM   ESPERADA.
É lamentável pensar que a solução encontrada no chamado NOVO ENSINO MÉDIO seja reforçar ainda mais o distanciamento entre o aluno e professor propondo disciplinas à distância. Se as escolas não possuem livros, banheiros, e em alguns casos cadeiras para sentar, terão rede de computadores e internet? Se as grandes dificuldades de aprendizagem são em português e matemática as lacunas serão resolvidas? As empresas de Educação em Ead estão nesse projeto?
A crise parece não ter fim. Com o cenário de baixos investimentos públicos em educação é pouco provável que a situação se modifique. A aprovação da proposta de emenda constitucional que limita os gastos públicos pelos próximos 20 anos, que ficou conhecida como "PEC dos Gastos" agrava o quadro e a mágica do Ensino à distância coloca lenha na fogueira. ENSINO MÉDIO COM 20% DE DISCIPLINAS Á DISTÂNCIA SERÁ O REMÉDIO?
Porções mágicas e soluções de gabinetes continuam dando rumos à educação no Brasil. E esses mesmos mandantes esperam resultados satisfatórios?  Que paguem o preço professores, alunos e comunidade.  Mais precarização, menos aprendizagem, mais abismos entre os Estados.
É esse o Novo Médio  que precisamos?

domingo, 4 de novembro de 2018

Tempos de Educação Remota: O PROFESSOR AINDA DEVE PROFESSAR?




O PROFESSOR AINDA DEVE PROFESSAR?

Por Marli Dias Ribeiro



         No século passado o papel do professor estava vinculado a repassar a informação e, talvez, o conhecimento. 
Professar uma coleção de enredos, livros, fórmulas, informações acumuladas pelas gerações passadas aos estudantes. Hoje, com o advento das novas tecnologias da informação e do conhecimento o papel do professor precisou ser reinventado, e até chegaram a arriscar o desaparecimento da profissão. Nessa conjuntura, a mediação aparece com força, e professar a verdade, não faz parte da nova postura do educador. 
        Temos ainda conteúdos a ministrar, porém, a significação de nossa prática pedagógica e de como levar isso para os jovens nas escolas nunca foi  uma tarefa tão complexa e desafiadora como agora.
         Na Sociedade do Conhecimento educandos e educadores tem acesso a uma inimaginável gama de informações ao toque de uma tecla, e nosso grande desafio é mediar como essa informação será interpretada, avaliada, lida de forma crítica e contextualizada. 
        Torna-se evidente que somos desafiados a desenvolver competências profissionais que passam necessariamente pela ampliação do universo de conhecimentos e pela reflexão sobre nossas práticas, nossas posturas e de nossa atitude ética. Agora, mais que nunca, somos aprendizes.
         Se nossos prédios escolares, nossos livros didáticos, nossa organização pedagógica, nossa graduação, ainda não mudou, os desafios da pós-modernidade constroem um caminho que não tem volta, a mudança no mundo está posta, e somos parte da sociedade, teremos que despertar, nos conectar.  Possivelmente, nossas   atitudes de leitura de mundo passa pela mediação da aprendizagem, pela aula significativa, pelas novas formas de ler e ver a informação. 
        Penso não existir outra forma de aprender que não seja o estudo, a formação, reflexão crítica e ativa de nossa prática.
         Imagino e  vejo algumas  escolas ainda não acordaram e não nos ensinaram a lidar com os novos desafios. Nos resta reagir, agir, sobreviver, arregaçar as mangas e assumir nossa postura de professores. Estudar é preciso, professar não, precisamos ir além!
         E mesmo em tempos de incertezas e dúvidas, o fundamental em nossa ação educativa, será seguir transformando por meio de  nosso trabalho. Um trabalho que pode ser esperança para os estudantes. Por eles é que existimos enquanto professores, educadores, mediadores. Vamos errar?  Podemos errar, mas continuaremos tentando. Como Clarice Lispector nos ensina, sempre ao começar cada trabalho, devemos nos preparar para errar, faz parte da caminhada de todo aprendiz. No erro podem existir possibilidades.
          Assim, sigamos nos aprimorando como gente, como profissional, como eternos estudantes pois, enquanto existirem dúvidas,  continuaremos nos movendo por respostas e não professando meias verdades.

         E não me esquecer, ao começar o trabalho, de me preparar para errar.

          Todas as vezes em que não dava certo o que eu pensava ou sentia é que se fazia enfim uma brecha, e, se antes eu tivesse tido coragem, já teria entrado por ela.
         Meu erro, no entanto, devia ser o caminho de uma verdade, pois quando erro,  é que saio do que entendo.

         Se a "verdade" fosse aquilo que posso entender, terminaria sendo apenas uma verdade pequena, do meu caminho.

Clarice Lispector


quinta-feira, 18 de outubro de 2018

A CRISE EDUCACIONAL FOI, E É PLANEJADA



A CRISE EDUCACIONAL FOI,  E É PLANEJADA

Ela não é uma crise é um projeto



Por Marli Dias Ribeiro




            Essa frase de Darcy Ribeiro em 1977, numa palestra que ele chamou de “SOBRE O ÓBVIO”, continua atual mesmo tendo sido dita a mais de quatro décadas. Os números de nossa educação revelam uma situação lamentável. Se o Estado não investe suficientemente  em Educação podemos considerar que a crise é planejada, ela é uma consequência prevista e pode até ser calculada. Não existem bons resultados sem projetos e investimentos. Apesar de na última década terem ocorridos alguns avanços principalmente, em relação ao acesso, temos grandes desafios a enfrentar. Os dados revelam uma crise que se arrasta e parece ser previsível e intencional.
            Segundo dados do relatório Education at a Glance 2018, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), os resultados revelam  o que muitos de nós suspeitamos:  mais da metade da nossa população adulta entre 25 e 64 anos não concluiu a Educação Básica em 2015, o dobro da taxa média das nações que fazem parte da OCDE.  Nossos resultados estão  acima de países como Argentina (39%) e Chile (35%). Além disso, o Brasil também aparece em segundo lugar na lista dos países com maior desigualdade de renda entre os 49 participantes do relatório  o que para alguns estudiosos parece ser uma consequência da baixa escolarização da população.
            Quando analisamos os dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2017  os indicadores revelam que   60% dos estudantes do 9° ano do Ensino Fundamental e 70 % do 3° ano do Ensino Médio tem aprendizado insuficiente em português, segundo os critérios estabelecidos pelo Ministério da Educação (MEC). Isso significa que ao longo dos anos esses estudantes não aprenderam o suficiente e necessitam de políticas públicas de intervenção pedagógica com urgência em várias competências. A palavra que não pode faltar é Política, e  Politicas Públicas diretamente ligadas a solução do problema. Isso significa dizer: investimento, dinheiro, recursos. O resultado de tanto abandono e negligência são e estão expostos no alto índice de desempregados, milhares de cidadãos excluídos, violência, e mazelas na saúde e segurança. Pergunto, se chegamos à revolução industrial com cem anos de atraso, para chegarmos a atual sociedade do conhecimento e das novidades tecnológicas serão QUANTOS séculos de atraso?
            Enquanto não entenderem E NÃO ESCLARECERMOS  que educação é prioridade e que requer investimentos, continuaremos sem grandes avanços. Essa crise é planejada, é visível e se perpetua. Dizem que os números não metem, e nesse caso revelam os fracassos.  Esses números, por outro lado, também podem nos indicar onde devemos investir nossas riquezas para superar os problemas da educação.

         Será que os dados existentes , os variados estudos,  e os relatos da realidade não ajudam a planejar melhorias? A quem interessa esse fracasso? Pagamos valores exorbitantes em impostos e esses valores não são aplicados em Educação de Qualidade e Valorização dos Professores. Se ainda temos dúvidas de  que a crise na educação é planejada? Parece óbvia a resposta.

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

FELIZ DIA DO PROFESSOR

Dia  da professora e do professor...
Por Marli Dias Ribeiro


15 de outubro - Dia do Professor

Rebeldia de ser 

Se em cada estudante que fizer parte de nossa jornada
pudermos transcender conhecimentos, bondade e 
esperança, seremos educadores de almas.
Ah, é sonho de  cada  professor ser  infinito... 
Para assim, seu dia  do professor ser lembrado todos os dias. 
Mas é alegria saber que se amor fizer parte da  prática educativa, do desafio e da tarefa, prevalecerá a vida, o gesto, e seremos...mais que uma fugaz lembrança. 
Seremos sempre vida que rompe barreiras.
Pois ser educador foi, é, e sempre será, 

A rebeldia de quem acredita na capacidade de caminhar rumo ao melhor que outro pode oferecer.
Rebeldia de ser quem ensina e aprende
Rebeldia de ser quem transforma vidas.
Rebeldia de ser educador...
Parabéns aos mestres do Brasil.

terça-feira, 18 de setembro de 2018

PORQUE PRECISAMOS REFLETIR O IDEB NOS ESPAÇOS EDUCATIVOS


PORQUE PRECISAMOS REFLETIR  O IDEB NOS ESPAÇOS EDUCATIVOS


 Por Marli Dias Ribeiro

          

                  A disponibilidade de um sistema amplo de indicadores sociais relevantes, válidos e confiáveis certamente potencializa as chances de sucesso do processo de formulação e implementação de políticas públicas. Os indicadores, em tese, permitem diagnósticos sociais, monitoramento de ações e avaliações de resultados mais abrangentes e tecnicamente mais bem respaldados.
                     A leitura de um indicador deve sempre ser uma reflexão crítica desvinculada de uma ação pontual, focada apenas no número ou percentual evidenciado. Deve ser clara a ideia de que o indicador é um recurso metodológico para auxiliar a interpretação da realidade de uma forma sintética e operacional, porém, não traduz toda a complexidade da realidade investigada completamente, mas pode contribuir para compreender variados contextos.

               O indicador é comumente utilizado para o diagnóstico de determinada condição (ambiental, econômica, social, educacional, etc.), para o monitoramento, planejamento, avaliação de políticas públicas e para a pesquisa de um modo geral. Indicadores sociais visam traduzir, de forma objetiva, as características e transformações que ocorrem em uma dada realidade. Indicadores educacionais, por sua vez, cumprem a função de produzir informações sobre a situação escolar da sociedade.

               Nesse contexto, O IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) como indicador social busca conferir um aspecto objetivo e sumário para realidades complexas e para as quais não se possui apenas uma variável explicativa. É importante ter em conta que todo indicador carrega em si uma concepção e uma visão parcial do fenômeno que se propõe a analisar, (JANNUZI, 2001). Apenas medir não traduz o uso de indicadores.

           Que pesem as críticas que cercam esse índice , o IDEB é mais um instrumento em prol da redes de ensino,  da escola, e ainda, mais uma ferramenta para a avaliação, ele é um ponto de partida, de apoio, um elemento a mais para repensar e planejar a ação pedagógica, a gestão educacional e as Políticas Públicas.

       Nesse sentido, o IDEB, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), constitui exemplo de uma medida que busca agregar realidades complexas e expressá-las de modo direto e resumido. Ele procura reunir, em um único número, dois conceitos relacionados à qualidade da educação: médias de desempenho em testes educacionais padronizados e o fluxo escolar dos estudantes,[1] (INEP, 2015).

             De fato, compreender o sentido do uso desse indicador e utilizá-lo pra construir estratégias que estejam orientadas para a qualidade da escola e aprendizagem dos estudantes deve ser a principal orientação para que a gestão e a própria comunidade escolar tenham um parâmetro. 

            Esse indicador é  uma forma razoavelmente  simples de diagnosticar a situação atual e de projetar metas, além de acompanhar o crescimento da escola ao longo do tempo. Cabe lembrar que nenhum resultado deva ser usado isoladamente mas inserido no contexto sobre o qual foi estudado.

              Por fim, romper com a ideia de que os indicadores são apenas instrumentos métricos e colocá-los a serviço da comunidade escolar é um desafio que precisamos enfrentar. De fato, mais que um retrato parcial de uma realidade complexa, seus resultados devem nos levar a questionar onde, em que aspectos, e em quais situações podemos atuar a fim de construir ações capazes de avançar os pontos frágeis da educação que ofertamos.



Referências:

1- INEP, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Plano Nacional

de Educação PNE 2014-2024: Linha de Base. Brasília, DF: Inep, 2015. 404 p. Disponível em:

http://www.publicacoes.inep.gov.br/portal/download/1362.

JANNUZZI, P. M. Revista Brasileira de Administração pública: Indicadores sociais no Brasil. Campinas, n. 72, jan/fev 2002.



Para calcular o IDEB são considerados dois fatores: 

1. Taxa de rendimento escolar, que na prática, se traduz nos índices de aprovação e evasão obtidos pelo Censo Escolar. É uma medida do fluxo dos alunos. 
2. Médias de desempenho nos exames padronizados aplicados pelo Inep, como a Prova Brasil (para Idebs de escolas e municípios) e do Saeb (no caso dos Idebs dos estados e nacional).

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Política é assunto para professora e professor



Política é assunto para professora e professor …





Por Marli Dias Ribeiro

         
        Talvez você já deve ter ouvido a palavra politéia inúmeras vezes nesse  ano de eleição. Essa tal de politéia usada pelos gregos atualmente está na roda de conversa, no rádio, TV, nas redes sociais, nos memes, piadas diversas,  e claro, deve estar na escola. Em nosso português é a famosa política! E política, você gostando ou não,  está relacionada à vida em sociedade, às relações de poder (lembra da  obra “ A Política” de Aristóteles?) ,nas escolhas de grupos, na expressão de opiniões, nas diferenças e conflitos , e nas ações de cada sujeito no mundo social, inclusive, nas relações estabelecidas dentro e fora da escola. E na escola? Nela falamos em Projeto Político Pedagógico.
         A política está presente em nossas ações educativas e praticamente tudo que acontece nas escolas são frutos diretos de ações e omissões de políticas implementadas. Já parou para pensar nisso? Num dos clássicos da literatura, O Príncipe, de Maquiavel, fica clara a luta travada pelo poder, pela manutenção do poder no Estado, o que incluí que os fins nem sempre justificam os meios, e  a política parece  estabelecer esse entrelaçamento cínico.
             A Educação Pública muitas vezes fica refém de combinados políticos, arranjos, escolhas que estão fora dos interesses dos estudantes, professores, escolas e baseados em acordos distantes dos interesses da comunidade.        
             Mas  escola, enquanto  espaço social, tem suas ações apoiadas em escolhas, em lutas, reflexões. Nessa lógica, no âmbito da educação, a Política Pública é afunilada para o que chamamos de   Política Educacional e que pertence ao grupo de Políticas Públicas Sociais. Se a escola e sua comunidade  busca conquistas e uma educação de qualidade a política é o  instrumento de implementação dos movimentos e referenciais educacionais. 
           Ela  se faz presente através da Legislação Educacional e, só para lembrar,  quem escreve a lei, é escolhido por nós, pelo voto, por nossas opções políticas.  Assim, eu professora, e toda comunidade temos que pensar em política, e pensar muito bem.
             Quando caminhamos rumo à  escola esse embate também existe, seja nas relações professor-aluno, direção-professor, escola-comunidade e outras. O tipo de merenda que chega na escola, a contração e formação de professores, a construção de escolas, as verbas que chegam ou não, o tipo ou modelo de gestão escolar, o currículo, o livro didático, etc, etc, etc… por isso política é assunto de professor, de aluno, de servidor, de todos. 
         Por fim, se você educador não conhece, não debate, não opina, se sua escola ainda não parou para refletir sobre isso, alguém certamente estará fazendo as escolhas por vocês. 
        Enfim, o pior é que, nem sempre a escolha do outro, é a favor da escola pública, democrática e de qualidade que nossos alunos e que nossa comunidade tanto sonha,  necessita e merece. QUEM VALORIZA A EDUCAÇÃO ACREDITA NO FUTURO.


FICA A DICA: Fonte de implementação da educação nacional e das políticas em educação  a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), suas  alterações dependem da Câmara Federal, Senado e Governo. Além disso diversas Políticas Educacionais locais são elaboradas pelos  Governos do Estado e do Distrito Federal.



domingo, 12 de agosto de 2018

QUANDO O ALUNO SUPERA O MESTRE É O DIA DO ESTUDANTE


QUANDO O ALUNO SUPERA O MESTRE
É O DIA DO ESTUDANTE

Por Marli Dias Ribeiro




Mas que uma data em si, o estudante, seu dia, deveria ser festa de todo dia. De toda aula. Numa jornada de superação ao mestre, onde mais que um estudante, muitos, milhares pudessem comemorar. A data não surgiu em um grande baile de gala. O dia do estudante teria surgido 100 anos depois da criação do curso de direto e ainda, em comemoração aos dois primeiros cursos de ciências sociais e ciências jurídicas que surgiram aqui no Brasil, através de D. Pedro I, em 11 de agosto de 1827.
 Celso Gand Ley idealizou fazer o dia 11 de agosto uma data comemorativa para homenagear todos os estudantes e é também o dia do advogado. Mas apesar dos grandes desafios que envolvem a vida do estudante brasileiro temos que incentivar, aplaudir e comemorar aqueles estudantes que fazem parte de nossa jornada e nos orgulham ao evidenciar de forma concreta nossa utopia educativa.

ASSIM, PEDI PERMISSÃO A UM AMIGO, EX ALUNO E HOJE EDUCADOR PARA COMPARTILHAR EM NOSSO BLOG O QUE PARA MIM, EXPRESSA A MÁXIMA DE QUANDO O ALUNO SUPERA O MESTRE, E ENTÃO FALAR DE COMO PENSO EM UM VERDADEIRO  DIA DO ESTUDANTE.
O DIA EM QUE O ALUNO ATRAVESSA O SISTEMA COM SUAS PALAVRAS, AÇÕES E SONHOS...

            Relato de um educador que não sobreviveu ao sistema

Fazia um tempo, dois anos mais precisamente, que eu andava batendo de frente comigo mesmo. Uma luta diária para resistir. Para ensinar com amor. Fazia um tempo que não era mais possível. Um dia ouvi de um colega, que ele estava em sala para ministrar um conteúdo, e que não tinha obrigação com a vida dos seus alunos. Sabe o que me doeu? Perceber que ele estava certo. Ele age conforme um sistema, e quem sou eu para inventar a roda? Logo eu, que já levei pra minha casa alunx expulsx de casa pelo pai, logo eu que em vários momentos desisti do conteúdo para dar afeto aos adolescentes que passam por conflitos, por dores, por descobertas, por carência afetiva. Esses meninos só precisam ser ouvidos. Mas o sistema venceu de novo! Fico constrangido ao ouvir o índice de recuperação dos alunos, e saber que a culpa não é deles. Mas nossa! O que é feito de diferente para instigar, motivar, impactar, transformar? Olha aí o sistema me vencendo de novo. Logo eu, que acho nota a maior bobagem já inventada, logo eu que já vi muito aluno foda tirando 0,0 nas minhas provas, logo eu que já vi muito aluno nota 10 sendo subordinado ao nota 5. Aluno não precisa de nota, precisa de afeto e estímulo. Mas isso sou eu quem acho, o sistema não, o sistema adora comparar os alunos, apontar o dedo na cara deles e dizer: “VOCÊ É MELHOR, tirou nota máxima, JÁ VOCÊ... Você deve ser como o fulano! ” Que absurdo, não é mesmo?
E de tudo, o que mais me dói é perceber que o sistema quer nos acomodar. Paga nosso salário, dita o conteúdo, e a gente vira uma máquina que reproduz o tempo inteiro a mesma coisa. Para que pensar atividades diferentes, para que elaborar provas, trabalhos, estudos diferentes se o conteúdo é o mesmo? PELO SIMPLES FATO DOS SEUS ALUNOS SEREM DIFERENTES, C##%! O seu aluno de três anos atrás não é o mesmo de hoje! Mas isso quem pensa sou eu. O sistema venceu de novo! Aí a gente fica nessa, recebe um salário, finge que ensina, o aluno finge que aprende, e o sistema segue firme e funcional. Para quem? Decidi ser justo. Desisti!
Acho que estou doente, com uma ansiedade incontrolável e com o pensamento acelerado. Preciso descansar. Preciso voltar ao primeiro amor. Por enquanto desejo sucesso aos meus ex alunos, e esse sucesso só depende de vocês. Numa entrevista de emprego ninguém pede seu boletim para conferir suas notas. O que conta é quem você é! Seja gigante!
Só para constar, no terceiro ano do ensino médio eu tirei 0,25 na MÉDIA FINAL em matemática. E hoje, NENHUM colega nota 10 é melhor que eu. Até porque ser melhor é uma questão de perspectiva.


Júnior Ribeiro é residente em Planaltina-DF, tem 25 anos é ator, produtor cultural, diretor de teatro e professor de arte. Formado pela Faculdade de Artes Dulcina de Moraes.


AGORA POSSO COMEMORAR, AGORA SIM, VIVA O DIA DOS ESTUDANTES...


terça-feira, 31 de julho de 2018

EDUCAR PARA O DIÁLOGO EM TEMPOS DE CRISE



  1. A DEMOCRACIA PEDE SOCORRO, POR ISSO, É PRECISO EDUCAR PARA O DIÁLOGO EM TEMPOS DE CRISE


Por Marli Dias Ribeiro



A escola é o lugar do encontro, para o encontro, e por esse motivo o diálogo deveria ser uma ação natural e respaldada na nossa condição de ser social. O contato, a presença e a diversidade do ambiente educativo deveria possibilitar a singularidade de estar com o outro e universalizar o cuidado de falar e ouvir, e certamente dialogar.
Encontrar o outro sujeito na escola e fazer desse encontro um momento significativo, um movimento de compreender, de se comprometer com a voz do outro, sua subjetividade é urgente. Isso integra um fazer dialogado para a educação humana, que vai além do conteúdo. Uma educação com “E” maiúsculo, Educação, que integra o saber e o ser. Essa construção deve ser o fundamento da sala de aula, da gestão, das relações entre alunos e professores, do encontro com a comunidade.
Existiria ação educativa sem diálogo? Existiria democracia sem a voz do outro? A conectividade traz sentido à ação dos educadores. Transcende o movimento de passar conhecimento pois, quem encontra o aluno e interage com ele propõe sentido à sua presença na escola.
O desafio de fazer, de saber e de ser educador para o diálogo é evidente. Vivemos um presente cercado de egoísmo, de fluidez e velocidade. Ser tempo presente para o nosso aluno parece ser o grande desafio. Estamos perdendo a noção de estarmos completos em casa, na escola, na sala de aula e no diálogo. Sem essa inteireza educar para dialogar torna-se impossível.
Então é preciso ser presente, estar presente, e fazer-se presente para construir um percurso educativo fundamentado na condição humana da fala e da escuta. Sejamos alertas ao imperativo de entender o diálogo como condição essencial ao ato de educar e transformar a educação e nossas comunidades.
Estar próximo do aluno e da sua realidade movimenta a educação e faz dela uma construção de ideias, sem a participação e a fala do outro, isso parece ser impossível.

Em Paulo Freire refletimos que … deveríamos entender o “diálogo” não como uma técnica apenas que podemos usar para conseguir obter alguns resultados. Também não podemos, não devemos entender o diálogo como uma tática que usamos para fazer dos alunos nossos amigos. Isto faria do diálogo uma técnica para a manipulação, em vez de iluminação. Ao contrário, o diálogo deve ser entendido como algo que faz parte da própria natureza histórica dos seres humanos. É parte de nosso progresso histórico do caminho para nos tornarmos seres humanos. Está claro este pensamento? Isto é, o diálogo é uma espécie de postura necessária, na medida em que os seres humanos se transformam cada vez mais em seres criticamente comunicativos. O diálogo é o momento em que os humanos se encontram para refletir sobre sua realidade.

Esse é o convite principal em tempos de crises sociais, políticas e educativas. Dialogar. Que a partir de nossa ação e envolvimento possamos aceitar o desafio, e a ousadia de educar para um futuro mais ético, e que  ele passe pelo diálogo.

Trecho do livro Medo e Ousadia – O Cotidiano do Professor / Ira Shor, Paulo Freire; tradução de Adriana Lopez. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. (Coleção educação e Comunicação, v. 18)

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