O PROFESSOR AINDA DEVE PROFESSAR?
Por Marli Dias Ribeiro
No século
passado o papel do professor estava vinculado a repassar a informação e,
talvez, o conhecimento.
Professar uma coleção de enredos, livros, fórmulas, informações
acumuladas pelas gerações passadas aos estudantes. Hoje, com o advento das novas
tecnologias da informação e do conhecimento o papel do professor precisou ser reinventado, e até chegaram a arriscar o desaparecimento da profissão. Nessa conjuntura, a
mediação aparece com força, e professar a verdade, não faz parte da nova
postura do educador.
Temos ainda conteúdos a ministrar, porém, a significação de
nossa prática pedagógica e de como levar isso para os jovens nas escolas nunca
foi uma tarefa tão complexa e desafiadora como agora.
Na Sociedade
do Conhecimento educandos e educadores tem acesso a uma inimaginável gama de
informações ao toque de uma tecla, e nosso grande desafio é mediar como essa
informação será interpretada, avaliada, lida de forma crítica e
contextualizada.
Torna-se evidente que somos desafiados a desenvolver competências
profissionais que passam necessariamente pela ampliação do universo de
conhecimentos e pela reflexão sobre nossas práticas, nossas posturas e de nossa
atitude ética. Agora, mais que nunca, somos aprendizes.
Se nossos prédios escolares, nossos
livros didáticos, nossa organização pedagógica, nossa graduação, ainda não
mudou, os desafios da pós-modernidade constroem um caminho que não tem volta, a
mudança no mundo está posta, e somos parte da sociedade, teremos que despertar,
nos conectar. Possivelmente, nossas atitudes de leitura de mundo passa pela mediação
da aprendizagem, pela aula significativa, pelas novas formas de ler e ver a
informação.
Penso não existir outra forma de aprender que não seja o estudo, a
formação, reflexão crítica e ativa de nossa prática.
Imagino e vejo algumas escolas ainda não acordaram e não nos ensinaram a lidar com os novos desafios. Nos resta reagir, agir, sobreviver,
arregaçar as mangas e assumir nossa postura de professores. Estudar é preciso,
professar não, precisamos ir além!
E mesmo em tempos de incertezas e dúvidas,
o fundamental em nossa ação educativa, será seguir transformando por meio de nosso trabalho. Um trabalho que pode ser esperança para os
estudantes. Por eles é que existimos enquanto professores, educadores, mediadores. Vamos errar? Podemos errar, mas continuaremos tentando. Como Clarice Lispector
nos ensina, sempre ao começar cada trabalho, devemos nos preparar para errar,
faz parte da caminhada de todo aprendiz. No erro podem existir possibilidades.
Assim, sigamos nos aprimorando como gente, como
profissional, como eternos estudantes pois, enquanto existirem dúvidas, continuaremos nos movendo por respostas e não professando meias verdades.
E não me esquecer, ao começar o trabalho, de me preparar
para errar.
Todas as vezes em que
não dava certo o que eu pensava ou sentia é que se fazia enfim uma brecha, e,
se antes eu tivesse tido coragem, já teria entrado por ela.
Meu erro, no entanto, devia ser o caminho de uma verdade,
pois quando erro, é que saio do que
entendo.
Se a "verdade" fosse aquilo que posso entender,
terminaria sendo apenas uma verdade pequena, do meu caminho.
Clarice
Lispector
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